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6 de jun. de 2010

Narciso Ébrio e Apaixonado

Cena do filme Nome Próprio de Murilo Sales

Jogado no canto daquele apartamento vazio

Estava o corpo ainda vivo


Talvez apenas suspiros

Aprisionados naquele pulmão cancerígeno

(A evaporar em fumaças de cigarro, podre e roxo)


Sussurrava gemidos


Talvez vomitasse delírios

(esôfago seco e rígido a rachar em acidez):


“Mar


Rio


Ferido


Mais que isso

Sempre mais que tudo


Cindido


Distúrbio noturno


Tranqüilo?


Não ainda

Sempre mais ainda


Metafísico

Físico só


NARCISO!”


Em sua pele

Apenas calor era

Os raios que rompiam a janela


O sol ainda insistia em nascer lá fora.

2 comentários:

Roberto Cunha disse...

Lembrou-me minhas ressacas da época de fumante. As de agora são menos desastrosas.
Bonita poesia.

Abraços,

Roberto Cunha

Martini disse...

Olha, eu vim ver isso por causa da cena do filme, mas bah, curti muito teu poema homem... ainda um pouco desconexo, mas bastante visceral, tristemente conformado...

te cuida bagual, principalmente com os cigarros e as bebidas.

:)