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21 de nov. de 2010

III Colóquio Benedictus de Spinoza

Viajarei só, à noite. Seremos apenas eu e a multiplicidade confusa das estrelas, além de todo o silencio da verdadeira face do universo. Somos todos, aqui neste planeta a girar sem nenhum pragmatismo, corpos a brilhar, pior ainda, não temos brilho próprio: a escuridão a negar qualquer significado ou distinção, e nós aqui a refletir uma luz que teima em nos atingir. Lá fora, o que de fato há é apenas silencio e escuridão, nada mais. Nada para buscar, nada para investigar, nada de claro e distinto para ser revelado. Fora isso, há uma ninharia de luz a afirmar-se sozinha, vagando em uma velocidade inalcançável, eternamente única. O buscar é apenas a afirmação da inconformidade ante ao NADA, não é a profecia de que algo está velado.

Será que é preciso mesmo manter-se puro e polido para refletir essa luz?

A noite será solitária, as previsões não podem ser outras. Na companhia de um artigo que eu ainda não consegui cuspir pra fora e que provavelmente me será cobrado nos próximos dias, com um bolo imenso de conceitos dentro do estomago, todos a se revirarem lançando pequenas idéias enzimáticas para a cabeça, tornando cada vez mais nítida a vertigem.

Duas esfinges me fitam ameaçadoras: ou a forma como ando bebendo os conteúdos não me permite digeri-los e expressa-los, ou não há nada que eu possa dizer com o meu dialeto cacofônico destas coisas que me empurram goela abaixo...


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